Eu, el-Rei, faço saber aos que este Alvará virem, que eu hei por bem e me praz dar licença a Luís de Camões para que possa fazer imprimir, nesta cidade de Lisboa, uma obra em oitava rima chamada Os Lusíadas, que contém dez cantos perfeitos, na qual, por ordem poética, em versos se declaram os principais feitos dos portugueses nas partes da Índia, depois que se descobriu a navegação para elas por mandado de el-Rei Dom Manuel meu bisavô que santa glória haja...

março 10, 2005

PARECER DO CENSOR DO SANTO OFÍCIO

Vi por mandado da Santa e Geral Inquisição estes dez Cantos dos Lusíadas de Luís de Camões, dos valorosos feitos em armas que os portugueses fizeram em Ásia e Europa, e não achei neles coisa alguma escandalosa, nem contrária à fé e bons costumes, somente me pareceu que era necessário advertir os leitores que o Autor, para esclarecer a dificuldade da navegação e entrada dps portugueses na Índia, usa de uma ficção dos deuses dos gentios. E ainda que Santo Agostinho nas suas Retratações se retrate de ter chamado, nos livros que compôs, De Ordine, às Musas deusas, todavia como isto é Poesia e fingimento, e o Autor, como poeta, não pretenda mais que ornar o estilo poético, não tivemos por inconveniente ir esta fábula dos deuses na obra, conhecendo-a por tal. E ficando sempre salva a verdade de nossa santa fé, que todos os deuses dos gentios são demónios. E por isso me pareceu o livro digno de se imprimir, e o Autor mostra nele muito engenho e muita erudição nas ciências humanas. Em fé do qual assinei aqui.

Frei Bartolomeu Ferreira

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

best regards, nice info »

5:42 da tarde

 

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